quinta-feira, 30 de julho de 2009

Porta retratos

Que medo é esse
que traz seu nome
e faz do esforço
do desapego
um mal necessário ao homem.

Assiste
do alto de um relicário
nos retratos de família,
entre o cinzeiro e o porta-copo,
o envolvimento da mente
o recrudescimento dos corpos

Brinda
mais um dia no mundo
que a noite depois consome
Morte,
talvez seja esse teu nome
e a mão que dá
talvez seja a mesma que tira
e você
já não seja só morte
e nem seja só vida.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Coisa louca
é a vida
que gira
desprevenida
- em cada curva
atrevida!

e como pode
ao fim
ser ainda
absolvida?

e como pode
ao fim
ser ainda

vida?


Acho que sou maluco.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Que não fosse bonita
ou jeitosa

ou ainda que seu cheiro
ainda que
não cheirasse

que seu corpo
celeste
não orbitasse
à minha volta

que fosse previsível
ao menos
insípida
daquelas d'um papo só
d'um gosto só

e que o chamego
não fosse assim
assim
e ah
o é

mas não

não

apenas

que meu coração
fosse
menor.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Nas noites de questionamento
Tudo vai esperar
Pois olhar para você
Esgota a pressa e me levanta no ar

Pergunto e espero uma resposta
Aguardo, aguardo..
"Como é viver assim?"
Encadeado ao seu tempo tão amargo

Quanto você faz
Quanto você não faz
Faz muito de nada
Quanto mais tempo, mais nada

Nesse oceano de cautela
Quantos passos você arrisca?
Na profundidade da dúvida
Há de se escolher uma isca
Nos seus céus de incerteza
Em quanta sabedoria há frieza?
E dentro de si mesmo você se esconde
E por lá fica, como monge

Desse jeito você compartilha?
Vejo o que podemos dividir
E quando volto, confirmo:
Também sou um jabuti

Quanto você faz
Quanto você não faz
Faz muito de nada
Quanto mais tempo, mais nada