terça-feira, 26 de abril de 2011

releituras (reloucuras):


Se eu fecho o olho
o instante que seja,
sobe a fumaça,
um vulto passa.
Medo, é escuro, é sombra
é coisa que não devia
(então como pode?)
acontecer...
Um gnomo, e nada menos
que um gnomo eu vejo;
se não existe, o bicho,
por que eu o vejo?
Não há porque.
Não há
senão
gnomo.
É só o que meus olhos podem ver.
E ele me mira, os olhos profundos
tocam minha alma
e ela também
entristeceu
(O tic-tac do relógio, distorcido,
corre, pára, corre,
nem ao menos sabe
para onde vamos).

O gnomo, o gnomo é simples
seu aspecto verde
verde ideal,
platônico;
o gnomo é simples
grave e sóbrio
sóbrio como terra
como terno
paletó.
O gnomo permanece
qual soldado,
imóvel.
Gnomo, enquanto respiro
respira
e se pisco, pisca ele
ambos calados
qual bicho no mato.

Mirávamos um ao outro
fixamente,
e o medo que é meu
indiferente é ao gnomo;
– sombra, sombra, sombra,
tão longe o interruptor!
O quarto nunca pareceu tão amplo
e vasto
de medos.
Cada livro acompanhava
ansiosamente
o desfecho.
Que haveria de acontecer?
e mesmo eu
não previa
desfecho possível...

Morderia-me, a criatura,
ou temeria
a minha presença?
Pensa, aquilo?

Um instante
foi preciso,
distraí-me, um pisco
e eis que some
o gnomo
some

O gnomo
some

O.
impressionismo Aldeia-velhiano:



(lama, lama, muita lama
plástico, e a grama alta
poeira na estrada fazia papel de asfalto;
chuva chuva e depois vento
e a calma que só o campo sabe como
- saberá mesmo?-
sim, de novo o sol a lamber o rosto
e isto posto, não digo mais nada
- ai, que preguiça...)

(lama, lama, muita lama
plástico, e a grama alta
poeira na estrada faz di conta que asfalto;
chuva chuva e depois vento
e uma calma como só sabe o campo...
um poodle que salta a colina;
-onde o bizarro é regra
me espanta a saudade.)

(lama, lama, muita lama
plástico e grama alta:
na estrada empoeirada, nem sinal de asfalto...
chuva, chuva, e depois o vento.
cachaça esquenta a noite, é quente
mas mente
o miojo não
- frio)

(exílio...
céu, mas não firmamento;
água,
água,
secou.
Sol agora,
nuvens depois.)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

em aldeia velha não tem farmácia
na padaria vende band-aid
não sou eu que sou maluco,
sou?
por achar lá o verde mais verde...